Desafios e dados atuais
O Brasil enfrenta um cenário alarmante em relação à dengue em 2024, com números recordes de mortes e circulação de sorotipos do vírus.
Segundo o Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, o país já registrou 1.116 mortes nas primeiras treze semanas do ano, uma taxa sem precedentes na história.
O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, ressalta a gravidade da situação, destacando que a epidemia atual é a maior em termos de proporções e extensão territorial já enfrentada pelo país.
Situação comparativa e reflexões
Comparativamente, no mesmo período do ano passado, o Brasil tinha registrado apenas 388 mortes por dengue.
Além disso, o número de casos também é alarmante, com 2.963.994 casos registrados nas primeiras treze semanas de 2024, enquanto em 2023 foram registrados 589.294 casos no mesmo período.
Em relato ao g1, Alberto Chebabo diz que “Infelizmente, a gente já sabia que atingiríamos esse número de mortes muito elevado e atingiríamos o recorde de mortes em relação aos anos anteriores. A gente tem uma epidemia, a maior epidemia de termos de proporções, de número de casos e de extensão de número de municípios e estados acometidos da história do país e isso certamente se traduziu em um número elevado de mortes”, concluiu.
O especialista destaca que as mortes por dengue são evitáveis na maioria dos casos, ressaltando a importância de estruturas adequadas nos estados e municípios para evitar complicações.
Ele critica a falta de infraestrutura em alguns locais, que contribui para o elevado número de óbitos, “uma das coisas que a gente sempre coloca é que as mortes por dengue são mortes sempre evitáveis. São mortes que não deveriam acontecer porque o tratamento da dengue é um tratamento que basicamente significa usar hidratação no momento certo para que as complicações não ocorram na maior parte dos casos e infelizmente a gente não teve uma estrutura dessa em alguns estados, municípios para evitar um número elevado de mortes, e isso se refletiu nesse número que a gente está atingindo agora”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Desdobramentos e decretações
Atualmente, 11 unidades da federação decretaram emergência devido à dengue, destacando a gravidade e a amplitude do problema, são eles; Acre, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Amapá, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
Apesar disso, o governo relata que a maioria dos estados já superou o pico de casos, com oito em tendência de queda consolidada e 12 em tendência de estabilidade.
Circulação de sorotipos e imunidade
O Ministério da Saúde também mapeou a circulação dos sorotipos do vírus, observando a predominância do sorotipo 1 em todo o país, seguido pelo sorotipo 2.
Apenas Minas Gerais registrou a presença simultânea de todos os sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).
É importante destacar que uma pessoa pode contrair dengue até quatro vezes ao longo da vida, devido à exposição aos diferentes sorotipos do vírus.
A situação demanda atenção e ação coordenada, tanto em nível governamental quanto individual, para conter a propagação da doença e evitar mais perdas.