Pleito violento
Três casos ocorridos em apenas 24 horas, são uma pequena amostra da violência política que marca as eleições municipais deste ano.
Até 48 horas antes do início da votação, já foram registrados mais que o dobro do número de casos em comparação às eleições passadas.
Esses dados foram revelados na 3ª edição da pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, realizada pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global e divulgada no último dia 3.
3 casos em 24h
No Rio de Janeiro, o carro em que estava uma candidata a vereadora pela cidade, foi cravejado de balas na quinta-feira, dia 3. Como o veículo era blindado, a candidata não se feriu.
Já em São Paulo, o carro de outra candidata à Câmara Municipal da capital, foi atingido por 11 tiros. O veículo estava vazio no momento do ataque.
E no interior de São Paulo, na cidade de Sumaré, o coordenador de campanha de um candidato a prefeito foi baleado por dois homens desconhecidos.
Relatório
Esses casos relatados acima já constam no relatório divulgado na última quinta-feira, e colaboraram para o aumento de 130% dos casos de violência política, em comparação com as eleições municipais de 2020.
Na época, se registrava uma ocorrência a cada sete dias, e nessas eleições de 2024, já se registra 1,5 casos de violência política por dia.
Ainda segundo relatório, no período da pré-campanha foram registradas 145 ocorrências que envolviam assassinatos, ameaças, atentados e outros tipos de violência.
Nesse mesmo período durante as eleições municipais de 2020, foram contabilizados oficialmente 63 casos, entre eles, 14 assassinatos, 15 atentados e dez ameaças.
Para Gisele Barbieri, coordenadora da Terra de Direitos, o número de casos vem crescendo ao longo do tempo.
“Desde a primeira edição da pesquisa é possível identificar que em anos eleitorais há um acirramento da violência política. Nos casos registrados percebemos uma naturalização da violência política, considerando os altos índices de assassinatos, atentados e ameaças”, comentou.
Conforme a coordenadora, a pesquisa mostra que a violência atinge a partidos políticos de diferentes espectros, sendo as mulheres as mais afetadas.
Os dados da pesquisa serão atualizados após o término do primeiro turno das eleições deste domingo, e se forem mantidas o número de ocorrências atuais, o quadro deve aumentar ainda mais os números da violência eleitoral no Brasil.
Destaques de violência
Visando a análise do contexto político-eleitoral, desde o monitoramento de como a violência política tem sido frequente a cada eleição, causando interferências no processo democrático.
Pela série histórica, é possível perceber que, de 1º de janeiro de 2016 a 15 de agosto de 2024, foram identificados 1.168 casos de violência política no Brasil.
Esse número já está contabilizado os dados coletados nessa nova edição, que também faz uma análise dos tipos de ocorrência, perfil das vítimas, casos por região e por cor e raça.