Olhos que brilham
Na sala de espera, um pai segura a mão de sua pequena Maria, de apenas 3 anos. Ele observa a alegria dela enquanto se distrai com um brinquedo, mas sua mente está repleta de preocupações. Recentemente, ele notou algo estranho nas fotos: em vez do reflexo vermelho que deveria aparecer nas pupilas da filha, havia uma mancha branca. Essa imagem inquietante o levou a buscar a ajuda da especialista em Oftalmopediatria do Felício Rocho, a médica Lara Seixas.
O retinoblastoma é um câncer ocular raro e essa é a principal preocupação da médica. Todo ano, cerca de 400 crianças no Brasil recebem esse diagnóstico, e a maioria dos casos ocorre em crianças menores de cinco anos.
“Cada caso é único, mas a detecção precoce pode fazer toda a diferença”, explica. “Quando os pais percebem sinais como o ‘olho de gato’ ou alterações na posição dos olhos, é hora de agir”, alerta.
A Importância do Exame Oftalmológico na Infância
Na consulta, a especialista realiza um exame cuidadoso. O exame do fundo de olho é o passo mais importante nessa avaliação. E, para a alegria do pai da Maria, não são visualizadas lesões compatíveis com tumor ocular e nem com outras doenças que também podem alterar o “teste do olhinho ou teste do reflexo vermelho”.
A médica explica que o “teste do reflexo vermelho” é o primeiro exame de vista em uma criança e deve ser realizado ainda na maternidade. Ele é extremamente importante, pois pode detectar qualquer problema que possa comprometer a visão do bebê.
“É um procedimento simples e rápido, que consiste em observar o reflexo da luz no fundo do olho, procurando por irregularidades”, explica Lara.
Além desse, a Sociedade Brasileira de Oftalmologia – SBP aconselha que as crianças sejam submetidas a um exame oftalmológico mais abrangente entre os 6 e 12 meses de idade. Nele, o especialista irá avaliar a saúde dos olhos do bebê, incluindo a presença de condições como catarata infantil, problemas de foco ou alinhamento ocular. Após a primeira consulta, os exames devem ser repetidos aos 3 anos de idade e novamente antes da criança iniciar a escola.
Retinoblastoma
O retinoblastoma pode ser unilateral, afetando apenas um olho, ou bilateral, quando os dois estão comprometidos.
“Há também o retinoblastoma trilateral, que traz uma carga ainda mais pesada, envolvendo tumores no cérebro”, afirma Seixas.
Segundo ela, 85% dos casos são esporádicos, mas a detecção precoce é crucial para a recuperação.
A médica também explica que o tratamento do retinoblastoma pode envolver cirurgia, radioterapia, quimioterapia e outras opções.
“Nosso objetivo é curar a doença e preservar a visão sempre que possível. Cada passo na jornada de tratamento é cuidadosamente planejado”, diz.