Estratégia de combate ao Aedes aegypti vira política nacional

Os testes foram realizados em 14 cidades de diferentes regiões do país

Política pública contra o mosquito

Uma nota divulgada pelo Ministério da Saúde estabelece o aumento da estratégia criada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor das arboviroses como dengue, zika e chikungunya.

Agora transformada em política pública de abrangência nacional, a expectativa é que a medida contribua para a redução da população de insetos, principalmente nas grandes cidades.

A medida consiste nas chamadas Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), que agem como armadilhas para as fêmeas do mosquito.

Como funcionam as armadilhas

As armadilhas são montadas com potes de dois litros de água parada, que serão espalhados em locais onde há um alto índice de proliferação dos mosquitos. As fêmeas se sentem atraídas pela água para botar seus ovos, porém, antes que elas alcancem a água, são surpreendidas por um tecido sintético que recobre os potes e que está impregnado com o larvicida piriproxifeno, substância que adere ao corpo da fêmea.

Dessa forma, as próprias fêmeas levam o larvicida para outros criadouros que encontrarem, afetando o desenvolvimento das larvas e ovos ali depositados.

Foto: Juliano Barbosa

EDLs em todo país

A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, editou uma nota informativa há duas semanas, explicando o fluxo para a adoção das EDLs, divididos em cinco etapas: manifestação de interesse pelo município, assinatura de cooperação técnica com a pasta e com a Fiocruz, validação da estratégia com a secretaria de saúde do respectivo estado, realização de capacitações com os agentes locais e monitoramento da implementação.

A estratégia será expandida por todo o país de forma gradual, levando em conta a capacidade dos envolvidos nas três esferas, nacional, estadual e municipal.

Esse trabalho já é realizado em 15 cidades escolhidas com base em alguns critérios como, população superior a 100 mil habitantes, alta notificação de casos de dengue, chikungunya e zika, nos últimos dois anos, alta infestação por Aedes aegypti e disponibilidade de equipe técnica operacional de campo.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

As EDLs

As EDLs são uma inovação desenvolvida por pesquisadores da Fiocruz, atuantes no Laboratório Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA). Os estudos de avaliação da estratégia começaram a ser financiados pelo Ministério da Saúde em 2016, quando a pasta passou a procurar novas possibilidades para controlar as populações de Aedes aegypti. Foram realizados testes em 14 cidades brasileiras de diferentes regiões até 2022, com registros de bons resultados.

Para os pesquisadores, a estratégia permite superar algumas barreiras enfrentadas por outros métodos que combatem as populações de mosquitos. Como a propagação da larvicida é feita pelo próprio inseto, é possível alcançar criadouros situados em locais de difícil acesso e indetectáveis pelos agentes de saúde.

Foto: Apu Gomes/AFP

Novas tecnologias

Em outra nota informativa do Ministério da Saúde, divulgada no ano passado, as EDLs já haviam sido citadas com outras quatro tecnologias. Para o monitoramento da população de mosquitos, recomenda-se o uso das ovitrampas, voltada para a captura dos insetos e permite avaliar se houve redução ou crescimento nas populações presentes em cada área.

Outro método consiste na borrifação residual intradomiciliar, indicado para locais com grande circulação de pessoas. Já a técnica do inseto estéril por irradiação (TIE) pressupõe a liberação de grande número de mosquitos machos estéreis que, ao copularem com as fêmeas, produzirão ovos infecundos.

Por fim, recomenda-se também o uso do Método Wolbachia, cuja implantação no Brasil vem sendo objeto de estudo sob a coordenação da Fiocruz, desde 2015. De origem australiana e presente em vários países, a técnica envolve a introdução nos insetos de uma bactéria capaz de bloquear a transmissão do vírus aos seres humanos.

Vale lembrar que a implementação das novas tecnologias não pressupõe que as intervenções tradicionais sejam abandonadas, já que elas dependem não apenas da mobilização de agentes públicos como também demandam cooperação de toda a população.

Foto: Prefeitura de Betim
Gustavo Campos: Nascido em Esmeraldas e criado em Betim. Formado em Jornalismo no ano de 2009 pelo Centro Universitário Newton Paiva, tem passagem como repórter pelas redações dos jornais O Tempo, Jornal Super Notícia e Jornal Aqui Betim. No Jornal Turismo de Minas, exerceu as funções de editor e repórter. Em ambas empresas, escreveu para as editorias de Cidades, Polícia, Gerais, Cultura e Gastronomia.