Sufoco
O clima seco, somado ao excesso de fumaça e fuligem presentes no ar em boa parte do país, tem trazido muito desconforto e causado mal-estar em diversas pessoas.
Os mais atingidos pela péssima qualidade do ar, segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Margareth Dalcomo, são as crianças e os idosos.
Segundo a especialista, existe uma dificuldade de se fazer uma melhor avaliação sobre o nível de dano causado às pessoas, já que estão presentes no ar uma grande variedade de substâncias danosas à saúde.
Danos à saúde
Em entrevista à Rádio Nacional, a especialista destaca que até o momento não é possível definir se esse dano causando será definitivo ou temporário.
“Nós, especialistas, estamos profundamente preocupados com o dano, muitas vezes agudo, [que a baixa qualidade do ar causa] ao aparelho respiratório. Estão causando rinites, asma, bronquite aguda e muita alergia respiratória, comprometendo crianças e, sobretudo, idosos, grupos que são sempre os mais vulneráveis a esse dano”, ressaltou Margareth.
Ela também explica que a fumaça liberada pelos incêndios contém uma mistura de gases tóxicos e de minúsculas partículas que causam danos nos alvéolos pulmonares.
“Elas também produzem monóxido de carbono, dióxido de enxofre, compostos orgânicos voláteis. Todos esses poluentes podem causar ou agravar doenças respiratórias. E, quando se agrava, para pessoas que são asmáticas ou com enfisema pulmonar, é um desastre.”
Cuidados
Margareth afirma que não há muito o que ser feito para se proteger, mas lembra que algumas dicas podem ser seguidas, como, por exemplo, permanecer em casa o quanto for possível, e manter a casa ventilada. Outra dica é estar sempre hidratado, bebendo o dobro de água já acostumado a beber diariamente.
Para amenizar a situação, o Ministério da Saúde pretende atualizar as normas e recomendações para toda a população, inclusive sobre cuidados a serem tomados para evitar que a má qualidade do ar prejudique ainda mais a saúde das pessoas.
A SBPT foi uma das instituições convidadas a participar da elaboração dessas medidas, em uma reunião marcada para amanhã, dia 17, com a presença de autoridades ministeriais e especialistas sobre o tema.
Impacto no sistema de saúde
A presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia também alerta sobre o grande impacto que o sistema de saúde sofrerá, devido a maior incidência das doenças respiratórias na população.
“Na verdade, já está trazendo, comprometendo e limitando a capacidade de atendimento de nossas emergências, nossas clínicas da família.”
A pneumologista ressalta que o momento de as pessoas buscarem ajuda médica é logo quando começa a sentir desconforto e falta de ar.
“Se a pessoa já é portadora de uma condição respiratória, certamente tem sua medicação de rotina. Então, talvez, precise apenas usar uma dose maior da sua medicação de rotina. A priori, quem deve procurar a emergência são as pessoas mais idosas ou crianças que estejam no início do sofrimento respiratório, sentindo-se muito mal e que estejam em uma condição que não pode ser contornada em casa”, complementou.
Na opinião de Margareth, o uso de máscaras é questionável, já que os modelos ideais para se usar nessas condições são mais caros e estão menos disponíveis.