Mais de 100% dos lucros do BNDES serão transferidos para o Tesouro Nacional

O lucro contábil registrado pelo banco no segundo trimestre, foi de R$ 8,1 bilhões

Transferência recorde

Durante a semana, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, anunciou que o repasse de recursos para o Tesouro Nacional atingirá um valor recorde.

Estima-se que esse valor será maior que o lucro contábil registrado no exercício de todo o ano passado.

A instituição financeira registrou, em 2023, um resultado líquido total de R$ 21,9 bilhões. O repasse ao Tesouro Nacional, no valor de R$ 15 bilhões em dividendos, é referente ao exercício do ano passado.

Previsão otimista

O banco prevê que o valor será maior ao que foi aprovado e pode chegar a quantia de R$ 24,5 bilhões. Estão inclusos nesse montante o pagamento de dividendos, recolhimento de impostos e a antecipação de parcelas que constam em um acordo firmado com o Tribunal de Contas da União (TCU), onde ficou estabelecido um cronograma para sanar uma dívida referente a aportes realizados pela União entre os anos de 2008 e 2014.

“Nós vamos pagar um volume de dividendos inéditos e vamos transferir ao Tesouro Nacional um valor que é mais de 100% do lucro do ano passado, para contribuir com a meta de superávit primário”, disse Mercadante, ao site da Agência Brasil.

Foto: Rossana Fraga/BNDES/Divulgação

Segundo Mercadante, esse é um apoio ao esforço que vem sendo feito pelo Ministério da Fazenda visando garantir o equilíbrio das contas públicas.

“Todo mundo vai ter que dar a sua contribuição e essa é a contribuição do BNDES. Nós herdamos uma situação muito deteriorada pela irresponsabilidade do governo anterior, que praticou um populismo fiscal durante as eleições de 2022. E o BNDES vinha sendo desarticulado enquanto instituição. Agora estamos em um esforço muito grande para voltar a gerar crédito, gerar emprego, gerar investimento. E estamos vendo a indústria nacional voltar a crescer”, acrescentou.

Lucro

As falas de Mercadante aconteceram durante a apresentação do balanço financeiro do segundo trimestre deste ano. O lucro contábil registrado pelo BNDES foi de R$ 8,1 bilhões.

“Dos grandes bancos que já anunciaram seus resultados trimestrais, nosso resultado é o terceiro do Brasil. Ficou atrás apenas do Itaú e do Banco do Brasil, que são bancos comerciais com 90 mil trabalhadores. Nós temos 2.450. E um banco de desenvolvimento não precisa ter lucro nesse patamar. Mas esse esforço foi importante para a transferência de recursos ao tesouro nesse ano”, reiterou Mercadante.

Ele avalia que o crescimento econômico fará com que caia a demanda fiscal e também os juros, sendo assim, o BNDES estaria desobrigado a fazer esforços para alcançar resultados deste patamar.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

LCD e FAT

Outra avaliação feita por Mercadante foi sobre a importância de diversificar as operações do banco. Foi citada por ele, a criação da Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), um título novo de renda fixa sugerido pelo BNDES e aprovado pelo Congresso Nacional.

Essa iniciativa vai permitir que recursos sejam gerados para a concessão de crédito para a indústria nacional.

Poderão emitir a LCD o próprio BNDES e os bancos de desenvolvimento regionais. Ela vai funcionar de forma parecida à Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e à Letra de Crédito para o Agronegócio (LCA), emitidas por bancos privados para o financiamento das atividades desses setores.

“A LCD vai nos dar em torno de R$ 10 bi em crédito novo. E nós vamos captar no mercado, isso não pressiona o Tesouro”, disse o presidente do BNDES.

Gustavo Campos: Nascido em Esmeraldas e criado em Betim. Formado em Jornalismo no ano de 2009 pelo Centro Universitário Newton Paiva, tem passagem como repórter pelas redações dos jornais O Tempo, Jornal Super Notícia e Jornal Aqui Betim. No Jornal Turismo de Minas, exerceu as funções de editor e repórter. Em ambas empresas, escreveu para as editorias de Cidades, Polícia, Gerais, Cultura e Gastronomia.