O retorno do Manto Tupinambá ao Brasil
O Museu Nacional anunciou o retorno ao Brasil do Manto Tupinambá, um valioso artefato indígena que estava na Dinamarca desde o século 17.
De acordo com o Museu Nacional, todos os procedimentos necessários para a perfeita conservação da peça foram adotados. “Apresentaremos o manto à sociedade, respeitando sua importância e sacralidade para nossos povos originários”, afirmou a instituição a Agência Brasil.
Características e história do manto
O Manto Tupinambá é uma vestimenta de 1,80 metro de altura, confeccionada com penas vermelhas de guará sobre uma base de fibra natural. Levada ao Museu Nacional da Dinamarca (Nationalmuseet) em 1689, acredita-se que tenha sido produzida quase um século antes .
A devolução do manto é um resgate significativo da memória transcendental para o povo tupinambá, que vê o artefato como um material vivo, conectando-os diretamente aos ancestrais e suas práticas culturais.
“Esse manto de mais de 300 anos é um ancião sagrado que carrega a história e a cultura de nosso povo”, afirmou a cacique Maria Valdelice de Jesus, a Jamopoty, à Agencia Brasil.
Acordo e recepção
O Conselho Indígena Tupinambá de Olivença (Cito), da Bahia, divulgou que em maio foi acordado que o manto seria recebido no Brasil com uma cerimônia coordenada pelos próprios tupinambás. Contudo, a cacique Jamopoty foi informada recentemente que o manto já estava no Museu Nacional, impossibilitando a organização de uma recepção antes da apresentação pública.
O retorno do Manto Tupinambá reacende debates sobre a restauração de artefatos expropriados durante o período colonial. Este evento destaca a importância da decolonialização de coleções e a adoção de uma nova ética relacional, reconhecendo e respeitando as histórias e culturas dos povos originários .
A restituição de bens culturais tem se centrado na relação entre diferentes Estados, muitas vezes negligenciando as comunidades indígenas que os produziram. Museus têm desempenhado um papel crescente na restituição desses artefatos, refletindo uma mudança nas práticas e políticas culturais globais.
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas de 2007 reforça o direito desses povos de preservar, proteger e controlar seu patrimônio cultural, incluindo objetos cerimoniais e locais culturais .
Expectativas e colaboração internacional
O Museu Nacional enfatiza a necessidade de cuidado e respeito na apresentação do manto, trabalhando em harmonia com os povos indígenas através do Ministério dos Povos Indígenas.
A instituição também expressa otimismo quanto à confiança depositada pela Dinamarca na reconstrução do Museu Nacional, destruído por um incêndio em 2018, e espera que outras nações sigam esse exemplo .