OMS eleva alerta de risco para febre Oropouche nas Américas

Um dos motivos foi a possível transmissão do vírus das gestantes para os fetos

Alerta ligado

Um alerta emitido no último sábado, dia 3, pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), um braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), elevou para alto, o risco de contaminação para a febre Oropouche em todo o continente.

A entidade informou que a decisão foi tomada em razão das recentes e preocupantes mudanças nas características clínicas e epidemiológicas da doença, incluindo o registro de casos fora das áreas chamadas regiões endêmicas.

Também foram levados em consideração para a publicação do alerta de nível alto, duas mortes causadas pela doença confirmadas no interior da Bahia e uma potencial transmissão vertical do vírus, quando a contaminação acontece durante o parto ou gestação.

Monitoramento

A OPAS também faz o monitoramento sobre casos de óbitos fetais e casos onde recém-nascidos com anencefalia, podem estar relacionados à infecção.

Reconhecendo que essas observações ainda se encontram em fases iniciais de investigação e que a verdadeira trajetória da doença ainda é desconhecida, o nível de risco para a região foi ampliado para alto”, destacou a entidade.

A divulgação do alerta pela OPAS é baseado em informações atuais e disponíveis, com nível moderado de confiança e com cautela, informou.

Foto: Flávio Carvalho/WMP Brasl/Fiocruz

Critérios

Conforme o documento, os critérios considerados para atualizar o nível de risco regional para a febre do Oropouche, abrangem o risco potencial para a saúde dos seres humanos.

Na grande maioria dos casos, a apresentação clínica do vírus varia de leve a moderada, com sintomas autolimitados, que, normalmente, se resolvem em até sete dias. Apesar de serem raras as complicações, casos esporádicos de meningite séptica foram documentados.

Recentemente, dois casos de morte associados ao vírus foram reportados no Brasil, em meio a um surto da doença no país. As mortes foram os primeiros casos fatais causados pela doença em todo o mundo.

Foto: André Borges/Agência Brasil

Brasil

Mesmo ainda estando sob investigação, a transmissão vertical do vírus foi considerada pela organização, para tomar a decisão de elevar o nível de risco. No dia 12 de julho, a OPAS foi notificada pelo Brasil, sobre potenciais casos de transmissão vertical do vírus e suas consequências.

Cinco casos potenciais de transmissão vertical do vírus foram reportados no Brasil no dia 30 de julho, incluindo quatro casos de morte fetal e um caso de aborto instantâneo, em Pernambuco, além de quatro casos de recém-nascidos portadores de microcefalia, nos estados do Acre e Pará. Ambos os casos continuam sob investigação.

O risco de propagação da doença também é listado pela OPAS, que registrou, entre 1° de janeiro e 30 de julho deste ano, 8.078 casos reportados, em pelo menos cinco países das Américas, sendo 356 casos na Bolívia, 7.284 casos no Brasil, 74 casos na Colômbia, 74 casos em Cuba, e Peru, com 290 casos.

A OPAS informa que pelo menos 10 estados brasileiros distantes da região amazônica, já confirmaram a transmissão autóctone ou local da febre do Oropouche.

Os dados sugerem que, no último trimestre, foram reportados casos em novas áreas e também em novos países, o que mostra a expansão do vírus pelo mundo.

Desde a sua identificação, em 1955, o vírus causou surtos em diversos países da América do Sul e da região amazônica, em grande parte por conta do vetor Culicoides paraensis, do potencial vetor Culex e seus hospedeiros, como preguiças e primatas”, concluiu a OPAS.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Gustavo Campos: Nascido em Esmeraldas e criado em Betim. Formado em Jornalismo no ano de 2009 pelo Centro Universitário Newton Paiva, tem passagem como repórter pelas redações dos jornais O Tempo, Jornal Super Notícia e Jornal Aqui Betim. No Jornal Turismo de Minas, exerceu as funções de editor e repórter. Em ambas empresas, escreveu para as editorias de Cidades, Polícia, Gerais, Cultura e Gastronomia.